Onde antes o toque final para nosso oásis no sofá era um livro ou uma comédia romântica, os consumidores estão cada vez mais buscando seu Nintendo Switch ou laptops para desfrutar da reconfortante monotonia de apostas baixas e altas recompensas.
“Cosy gaming”, (Jogos Aconchegantes) como foi apelidado pelos jogadores, pode ser melhor entendido pelos jogos a ele associados. Os principais deles são Animal Crossing:New Horizons, Stardew Valley, The Sims e Spiritfarer .
Mas, embora a pandemia possa ter trazido jogos aconchegantes para o mainstream, a tendência tem uma longa história enraizada nas primeiras incursões de alguns dos maiores estúdios do setor em títulos digitais. E seu impacto foi significativo, não apenas moldando os tipos de jogos que estão sendo desenvolvidos, mas também derrubando estereótipos de jogadores ultrapassados.
Jogos aconchegantes são definidos pelo que omitem. Longe de apresentar aos jogadores desafios difíceis e apostas altas, os jogos aconchegantes omitem totalmente o potencial de vitória ou derrota. O objetivo mais claro é fazer sua própria diversão.
Em Stardew Valley, os jogadores cuidam de uma fazenda. O jogo não “acaba”, só acaba quando você finalmente para de jogar. Para os jogadores que dedicaram dezenas de milhares de horas ao jogo, não está claro quando essa hora finalmente chegará.
Uma história de conforto
Os jogos aconchegantes explodiram em popularidade durante os lockdowns do COVID. Celebridades, incluindo o ator Elijah Wood e até o presidente dos EUA, Joe Biden, jogaram Animal Crossing em 2020. Mas muitos desses jogos aconchegantes têm um legado de décadas em construção.
Embora Animal Crossing: New Horizons tenha sido lançado em 2020, o jogo Animal Crossing original foi lançado em 2001.
Stardew Valley, sucessor espiritual de Harvest Moon da Nintendo de 1998, foi lançado em 2016 mas é fruto de um projeto que o designer começou originalmente para aprimorar suas habilidades de programação. O jogo de simulação de vida The Sims foi lançado pela primeira vez em 2000.
Se os jogos aconchegantes existem desde 1998, por que demorou tanto para eles se tornarem parte da cultura popular?
Uma razão é que o jogo confortável pode ser simplesmente considerado uma evolução – ou rebranding – de estilos de jogos que existem há décadas.
Em 2004, os designers de jogos Robin Hunicke, Marc LeBlanc e Robert Zubek apelidaram os jogos para relaxamento de jogos “submissos” (mais tarde reformulados como “abnegação” por outro designer, James Portnow).
Abnegação (substantivo feminino)
Ação caracterizada pelo desprendimento e altruísmo, em que a superação das tendências egoísticas da personalidade é conquistada em benefício de uma pessoa, causa ou princípio; dedicação extrema; altruísmo.
O jogo submisso envolve jogos tão familiares que exigem pouco pensamento para se envolver. Ou, no reenquadramento de Portnow, tão difíceis que exigem um grau de foco que oferece aos jogadores uma pausa para parar de pensar sobre o mundo real. Ambos exigem uma espécie de mentalidade “zen” que abandona as pressões de nossas vidas no mundo real.
Esse tipo de jogo submisso não era tão comum em 2004. Na época, era mais prontamente associado ao tipo de jogador compulsivo encontrado nos fliperamas japoneses .
Como tal, em 2010, com a repentina popularidade do Nintendo Wii e dos jogos para celular, o pesquisador Jesper Juul usou o termo “ jogos casuais ” para descrever os jogadores desses novos tipos de jogos populares.
A ascensão do cosy gamer
Como especialista no estudo de videogames, não acho que a pandemia seja a única razão para a popularidade atrasada dos jogos aconchegantes. Em vez disso, a resposta está no aumento da representação desse novo tipo de jogador e nas plataformas em torno das quais esses jogadores podem criar uma comunidade.
A influenciadora de jogos Cozy Gamer Kat (em inglês), por exemplo, transmite jogos ao vivo por horas a fio na Twitch , e frequentemente carrega edições de uma hora de duração de suas sessões de jogos para o YouTube.
Enquanto ela joga muitos títulos aconchegantes, Kat também é talentosa em jogos dedicados à dificuldade, como Zelda: Breath of the Wild.
Embora longe de ser uma sensação viral no nível de seus contemporâneos Vixella ou Sachie (cujos vídeos de jogos aconchegantes podem receber milhões de visualizações), a dedicação de Cosy Gamer Kat em expandir os espaços seguros dos jogos a marca como uma figura de destaque na evolução da identidade gamer.
O que é novo, a meu ver, não são os jogos ou os próprios jogadores, mas as ferramentas em torno das quais esta nova comunidade de jogadores acolhedores foi construída.
Por meio do streaming, as pessoas puderam se sentir parte de uma comunidade mais ampla, apesar de não se encaixarem no molde de um gamer estereotipado.
Texto original em The Conversation
E você? É um cozy gamer, tem algum jogo assim para indicar? Tem algo a acrescentar ou corrigir, fique a vontade para comentar aqui, ou nas minhas redes, aproveite e siga!
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