Diablo IV - Porque parei!?

Eu estava jogando feliz e tranquilo com o pessoal da Refúgio o Valheim, estávamos jogando pela segunda ou terceira vez, e a idéia era manter o servidor online e ir sempre revisitando o jogo conforme novas atualizações fossem saindo.

Havia curiosidade no Diablo IV mas era uma opção impossível pelo preço absurdo de R$ 350 reais,  e por ter pouco diferencial já que seria um jogo que era (guardadas suas devidas proporções) um Diablo III com a climatização retornando para o que tínhamos no Diablo e no Diablo II.

Mas tinha a proposta de mundo aberto, havia alguma fala sobre guildas, monstros mundiais, tinha um gostinho ali de MMORPG, negado previamente pela Blizzard, mas propagandeado pelos click baits de plantão. Então nós tínhamos a “sensaçãozinha” de que algo diferente poderia acontecer, apesar da empresa negar o “MMORPG” ela ressaltava as outras peculiaridades de MMO, deixando a dúvida no ar.

Mas eu estava tranquilo, sem grana para o jogo, e sem grandes expectativas, tinha me fixado em Valheim e ali ficaria. 

Porém veio o primeiro beta gratuito. Era a chance perfeita de testar o jogo e ver se ele valia uma compra no supermercado de um homem solteiro periférico como eu, obviamente não, mas sabe como é, eu estou sempre a procura do grande jogo re-jogável semi-perfeito. (Tem que ser muito ingênuo para ter esperança de foco em divertimento em um jogo de uma mega corporação)

Fui jogar o beta, apesar da minha posição de que jogar betas, alfas, comprar jogos em acesso antecipado e adendos é pagar para trabalhar ou trabalhar de graça para uma companhia que deveria ter funcionários para fazer o mesmo, exceto no caso de jogos indie como o Valheim que faz do acesso antecipado uma forma de conseguir lançar o jogo, já que angaria fundos para permitir isso. Mas empresas gigantescas como Blizzard não possuem essa desculpa.

Enfim, maldito beta. O jogo estava incrível, o segundo beta gratuito não foi diferente, o mundo aberto era atrativo, te convidava a explorá-lo, a experiência com o World Boss foi desafiante e recompensadora, o Butcher nas masmorras foi uma surpresa muito bacana, para não dizer aterrorizante em muitas das vezes. A partir daquele momento, eu precisava jogar aquele jogo, um dos melhores jogos que já joguei com certeza. Até aquele momento, como diria o bardo “sabe de nada inocente”!

Paramos com o Valheim, fiz o investimento, o jogo saiu, e tudo que estava no beta estava ali, com o plus de poder fazer toda a campanha, uma boa história, bem feita, adulta. E tudo estava muito bacana, novamente com o pessoal da Refúgio, na nossa guilda 5i (Quinto dos Infernos, que tá mais para Quinta Série I) fomos progredindo nos Tiers, chegamos no Tier IV, e algo começou a ocorrer, algo previsível, mas dada a potencialidade do jogo, eu tinha esperança que não ocorresse dessa forma, os World Bosses já não eram um desafio, o mundo aberto parecia congelado, com elites raros nascendo sempre no mesmo lugar, com Marés Infernais com seus Baús de Mistério nascendo no mesmo lugar, com um PVP figurativo (apesar dos cosméticos bacanas para serem pegos com pontos adquiridos nos Campos de Ódio).

Há uma variedade grande de eventos que ocorrem, e mesmo hoje eu me pego vendo um evento que não tinha feito ainda, porém a recompensa desse evento é insuficiente, e inclusive há a possibilidade de você “masterizar” o evento, através de alguma condição, por exemplo impedindo que 3 npcs morram durante um ataque de várias hordas de monstros, mas a diferença da recompensa do evento normal e do masterizado é irrisória, sequer vale a pena o esforço.

As masmorras perdem o sentido após você pegar o aspecto que cada uma fornece, e mesmo as Masmorras Pesadelo (apesar dessas sim terem um desafio de fato já que você pode ir escalonando a dificuldade com “sigils” mais fortes), são repetitivas, eu literalmente passo a ter sono depois de algum tempo fazendo esse grind.

As fortalezas no mapa por exemplo tem uma mecânica mais interessante que as masmorras, e são um diferencial no mundo aberto, mas muito aquém do que parecia ser antes do jogo  ser lançado.

E aí acho que está o ponto, Diablo IV foi apresentado como um retorno ao que era a franquia e um diferencial de “atualização” de “Inovação”, conseguiu entregar o primeiro, o segundo não. Porém acredito que ele teria atingido isso caso tivessem dado o devido tempo na produção do jogo, eu sei que muita gente acredita que Diablo IV demorou muito para sair, e é essa ansiedade do público e a necessidade de realizar lucro de investidores gananciosos que impediu que Diablo IV fosse lançado na sua forma completa. (Inclusive tem uma matéria do Wasghington Post que eu traduzi que fala sobre isso, dê uma conferida!).

O estado do jogo é de muitos bugs, seja de “loading” entre uma área e outra do mundo aberto, o pessoal chama de “soquinhos” ou “efeito elástico” que na verdade é o lag de sempre, mas de uma forma grotesca e feia, que inclusive causa desconexões e perdas de personagem (inclusive no modo hardcore de forma mais dramática), seja de itens que nunca droparam e deveriam dropar, certas habilidades que não funcionam como deveriam, aumentando ou diminuindo o poder das builds. A movimentação do cavalo ao se confrontar com obstáculos, e não estou falando de saltos de uma parte “linkada” para outra, que também tem seus problemas, já que você precisa estar com o cavalo olhando exatamente para a outra parte para conseguir fazer o salto, mas sim uma pequena arvore, ou uma quina de uma pedra faz o cavalo parar abruptamente, sem uma animação que suavize isso, ou permita que ele continue com a velocidade mais baixa depois do impacto.

Também temos problemas de que ao meu ver é tempo de implantação mesmo, como por exemplo o inventário extremamente primitivo, sem filtros, sem espaço, inferior inclusive ao que já existia no Diablo III. 

A guilda não tem nenhuma função no jogo, a não ser uma lista de contatos de amigos, e é estranho pois você já tem uma lista de amigos no jogo, é redundante. Ou seja é notório que não permitiram o time de desenvolvimento concluir sua visão sobre a guilda no jogo, se quer a guilda tem um espaço físico como ocorre em Diablo Immortal, onde inclusive é possível emprestar itens a membros da guilda, o que dá mais utilidade a mesma, diferente do que ocorre agora em Diablo IV, onde ela é figurativa.

Mas passamos por tudo isso, com a mentalidade  de jogadores esperançoso, frases como: 

“Todos nós sabíamos que era Diablo, ninguém foi enganado”

“Diablo é repetição é ficar fazendo uma fenda atrás da outra, é grind, e elas eram iguais mesmo”

“O preço do jogo é de fato caro, mas a culpa é da conversão, e o passe de batalha só tem coisas cosméticas, você não precisa dele”

Eram rotineiras tais frases, e aguardamos a primeira temporada onde pensamos que haveria uma nova mecânica, um teste de game design, algo novo e interessante que mudaria esse cenário.

A temporada chega, e apesar de uma história ok, bem escrita e razoável, ela era curta, e a nova mecânica nada mais era do que “gemas” novas e exclusivas para se colocar nas jóias, porém com formatos de corações monstruosos e com um sistema singelo de reutilização para invocar monstros nas dungeons de temporada, que possuem as mesmas mecânicas das de sempre, exceto por essa possibilidade de invocar um monstro no final e pegar mais corações.

Você que está lendo, deve estar pensando: “Mas hora Diablo é isso, não é nenhuma novidade”. E você está coberto de razão, mas esse Diablo tinha um potencial absurdo para ir além do que a franquia já tinha ido até aqui, o mundo aberto poderia ser muito mais do que apenas um mundo figurativo que está ali estático, as temporadas poderiam alterar esse mundo com novos acontecimentos ocorrendo no mapa, de forma aleatória até. Seria totalmente possível ter um refúgio, um quarto ou uma pequena casa, onde você pudesse pendurar cabeças de demônios, ter alguma utilidade, serviço, enfim.

Talvez, apenas caímos novamente no conto do vigário, a experiência do beta foi incrível pois ela estava capada até onde o jogo estava muito bom, no último beta fomos até o nível 25 se não me engano. 

O fato é que Diablo IV não possui um endgame decente dentro do que se propôs a fazer, não é o jogo que a Blizzard vendeu, e como disse anteriormente, forçaram para esse jogo sair antes da hora, a minha esperança é que a Blizzard não abandone o jogo como abandonou Diablo III depois das críticas do público referente a casa de leilão na época, o jogo tem potencial, ele precisa apenas de tempo, tempo esse que não foi dado antes do lançamento.

Eu no momento que escrevo esse artigo estou jogando Diablo IV, faltam um ou dois itens para completar a temporada como um todo, estamos há mais de 70 dias do seu fim, o pessoal da Refúgio já completou. Eu irei concluir a temporada, talvez fazer novamente as sidequests dos mapas, e chegar no 100 nesse char da temporada, e irei parar de jogar, retornar ao Diablo IV apenas quando ele se tornar um jogo para além de um Diablo III Dark, quem sabe? The Elder Scrolls Online e Final Fantay XIV Online me dão esperanças, mesmo New World aparentemente tem melhorado segundo o pessoal que ficou por lá, e quem sabe eu volte.

Mas Diablo IV não vale R$ 350 reais, não gaste seu dinheiro, o preço ideal para ele seria algo em torno de R$ 80, se você está pensando em jogar recomendo aguardar uma promoção, vai demorar alguns anos, mas vai acontecer, não deixe a ansiedade fazer você gastar dinheiro a toa, eu não tinha comprado nada em jogos tão caro assim desde a expansão Elsweyr no TESO, e não tinha participado de nenhum beta, é bom se permitir a mudar de opinião sobre as coisas, e é bom também entender depois de ter experimentado, que na verdade você tinha razão, jogo nenhum vale isso, e betas e alfas deveriam ser testados por profissionais pagos. (Inclusive esse beta do Diablo foi uma grande arma de marketing muito bem executado, enganando até mesmo os mais teimosos, como eu.)

E você ainda joga Diablo IV? O jogo melhorou? Ou para você ele sempre foi bom? Tem algo a acrescentar ou corrigir, fique a vontade para comentar aqui, ou nas minhas redes, aproveite e siga!

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